Aos arredores

A miséria é uma sina

Na sociedade e na alma

Dos periféricos aglomerados

Sobre os tijolos laranjas

E os tetos de papelão

Com lantejoulas de esperança

E filhos com fome

Da vontade do leite

Córregos arredores

Mosquitos, pestes, doenças.

Minhas veias pulam conforme o compasso da seringa mutilando meu templo

Arrancando minha liberdade

Fazendo-me atirar nos homens

Fardados, atropelados, loucos.

Atravesso você

Soldado de pedra

Lágrima nos olhos

Misturados com cimento

O pedreiro colocou o pão na mesa

E não fez amor com a patroa

A solidão que me acompanhe

TIRO

Cai na rua

Sai, sai, sai mídia.

Não fotografa meu corpo

Apenas avisem minha mãe

Cidadão da favela morreu

Com a arma na mão

E a seringa no coração.

gliard tavio
Enviado por gliard tavio em 30/05/2007
Código do texto: T506906
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