CALABOUÇO

Sinto-me pássaro, mas estou preso numa gaiola,

Meus dedos escorregam pelas barbas de bode

À procura de uma brecha... O vento me sacode

Pra e lá e pra cá e minha paciência me extrapola

Os limites do silêncio... Então canto com gritos

Ensurdecedores que despertam a cidade malvada

Do sono imbecil de que se embalam na alvorada

Totalmente envoltos em sonhos empedernidos.

Minha voz enrouquecida clama direito à liberdade

E ouvidos impiedosos zombam da arbitrariedade

Que me mantém prisioneiro aos olhos do mundo...

Eis a espessa verdade que se faz em cada criatura...

Seus espaços são tolhidos, amargam tenaz ditadura

E pelas veredas da vida são apócrifos e imundos!

De Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 15/02/2015
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