Debaixo do sol

Não há brilho duradouro

Não há sequer contraste

(Porque tudo é vaidade debaixo do sol)

Enquanto a espiga de milho se desenvolve

E luta para chegar a ser refeição

As bocas se escancaram roucas de fome

(Porque tudo é vaidade debaixo do sol)

O homem luta, insiste e tenta se superar

Porém aqueles que não lhes garantem certezas

Também são os que os condenam a viver sem prazer

(Porque tudo é vaidade debaixo do sol)

Assim, o pouco que armazenam se esvai

Não chega nem ao mais pequeno coração

(Porque tudo é vaidade debaixo do sol)

Calados sem mais ter para quem pedir socorro,

Um batalhão de insanos procura uma saída

Ou um refúgio que lhes traga consolação

(Porque tudo é vaidade debaixo do sol)

A sobrecarga da maldade, do desmazelo e da impunidade

Assola toda uma raça que não consegue mais reagir

Pois deixou de ter sonhos

(Porque tudo é vaidade debaixo do sol)

Ah, que fim terão os que ainda se debatem

Atrás de uma solução que não vem,

Que não lhes proporciona absolutos e verdades?

(Porque tudo é vaidade debaixo do sol)

Resta alguma alternativa, alguma condição de se reagir?

Sucumbidos pela desolação, pelo decaso e pelo descompromisso

Rumam a um tempo sem futuro certo

(Porque tudo é vaidade debaixo do sol)

São Paulo, 26 de fevereiro de 2015

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 27/02/2015
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