A lua, o poeta e o bêbado

Passa um homem pela rua escura sem a graça da noite,

trazendo em si um bêbado qualquer que cambaleia.

É o que meus olhos vêm e minha consciência desenha.

O cheiro forte do álcool incensa a rua, que quase desfalece,

junto ao bêbado, que apenas passa, sem graça, como faz escondida a lua.

Quando eu beber, que seja firme a minha embriaguez

e que jamais me entregue aos tombos como aquele fez;

coitado do bêbado que passava.

Gira o mundo dentro de minhas firmezas e já nem sei quem sou

nem por onde ando ou cambaleio, alheio que sobrevivo.

Mas não bebo nada e vivo tonto.

O que me trai é a vida que vivo, os amigos que escolho e os livros que leio.

Um homem só presta quando é feito por amor, e assim, resplandece em graça

o que vive, estando com o espírito bom ou embriagado.

Conheço heróis que vivem bêbados e monstros que não suportam sequer o cheiro da bebida

e vivem e mentem e matam, como algozes da embriaguez da vida!

Quando a noite escurece, prefiro fazer poemas e me embebedar

e ser como a lua que sabe se esconder por trás das ruas,

que mesmo nuas...

se vestem da poesia dos meus álcoois...