PALHAÇO TRISTE

Lá vai ele ao picadeiro

Tem criança pra alegrar

Triste em cativeiro...

Ainda precisa gargalhar

É mais um brasileiro...

Com bocas pra sustentar.

Tem de se mostrar faceiro

E o soluço abafar.

Em seu peito o aguaceiro,

Platéia impaciente a gritar

Tem de andar ligeiro

Sem tempo pra suspirar.

No palco o sorriso arteiro

Dando piruetas no ar...

No coração o braseiro

Continua a queimar.

Mas, o público bilheteiro,

Foi alí, pra gargalhar!

Ninguém sabe o vespeiro

Em que o palhaço está.

O que importa primeiro,

É a vida temperar

Mesmo sendo açougueiro,

A seu peito estraçalhar.

Assim, o triste bagunceiro

Luta pr´outras vidas adoçar.

Não passa de um obreiro

Que pinta a cara pra ganhar...

O público não vê o homem,

Ou se aquele ser transpira

As dores que lhe consomem

Na alegria que é mentira!

E que ninguém aviste,

A lágrima em seu rosto rolar

Não podem saber que é triste

O palhaço que está ali a brincar.

Tânia Regina Voigt
Enviado por Tânia Regina Voigt em 12/06/2007
Reeditado em 16/01/2015
Código do texto: T524253
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