PALHAÇO TRISTE
Lá vai ele ao picadeiro
Tem criança pra alegrar
Triste em cativeiro...
Ainda precisa gargalhar
É mais um brasileiro...
Com bocas pra sustentar.
Tem de se mostrar faceiro
E o soluço abafar.
Em seu peito o aguaceiro,
Platéia impaciente a gritar
Tem de andar ligeiro
Sem tempo pra suspirar.
No palco o sorriso arteiro
Dando piruetas no ar...
No coração o braseiro
Continua a queimar.
Mas, o público bilheteiro,
Foi alí, pra gargalhar!
Ninguém sabe o vespeiro
Em que o palhaço está.
O que importa primeiro,
É a vida temperar
Mesmo sendo açougueiro,
A seu peito estraçalhar.
Assim, o triste bagunceiro
Luta pr´outras vidas adoçar.
Não passa de um obreiro
Que pinta a cara pra ganhar...
O público não vê o homem,
Ou se aquele ser transpira
As dores que lhe consomem
Na alegria que é mentira!
E que ninguém aviste,
A lágrima em seu rosto rolar
Não podem saber que é triste
O palhaço que está ali a brincar.