Todos somos todos

Todos nós somos putas, gays e marginais

Todo mundo mendiga esmola no farol

Mesmo estando do outro lado do sinal

Todos somos todos

E somos feitos de quem sabe um dia

Afinal o artista e o espectador

Fazem parte do mesmo espetáculo

A cruz e os pregos, carregam o mesmo Deus

Todos nós somos Caetano

E Caetano é todo o mundo em nossas mãos

A mão que escreve, é a mão que bate

A mão que estende é a mão que nega

E esfrega a probabilidade de um retrocesso claro

Todos somos de montes claros,

E também fazemos canções em dias de paz

Todos somos nós, nós somos tudo

E o mundo acaba em nossas mãos

Todos somos todos, e destruímos tudo.

Todo índio é Djavan, e Djavan também é índio

Então entramos nas florestas, sonhamos juntos

E acordamos longe do quintal de casa

Todos nós matamos Lennon,

E os mendigos da praça da Sé

Fomos brutalmente assassinados

E respondemos pelo mesmo crime

Que ninguém cometeu

Todos queremos Deus,

Queremos água e um cantinho pra morrer

Todos somos todos, nada

A mercê de um pedaço de chão

Pra se misturar com todos os restos iguais

Judeus , nazistas

Americanos, mulçumanos

Malufistas e petistas

Branco e preto

Tudo igual, somente pó.