K., onze anos, apedrejada.

Acautelem-se! É preciso!
Pois eis que de novo ruge
o Minotauro da Inquisição,
pelos labirintos da estupidez humana.

Acautelem-se! É preciso,
pois eis que de novo as harpias berram
maldições eternas e castigos celestes.

Acautelem-se! Pois eis que pseudos salvadores,
de mentes e almas sujas, pelo mais sujo cinza,
temem as cores do mundo e  as do Arco-Íris
e burlam, despudorados, os pobres de espírito.

Acautelem-se! Pois eis que a legião
dos falsos arautos da santa hipocrisia
(a quem nenhum dízimo sacia)
ladram e urram pela posse do sagrado,
como se apenas deles,
fosse o Verbo falado.

Acautelem-se, todos!

Pois eis que em breve,
das palavras às fogueiras passarão.
Como César, ao atravessar o Rubicão.



Homenagem pouca à menina K., 11 anos de idade, apedrejada por vestir as roupas rituais de sua religião, o Candomblé, no Rio de Janeiro, por evangélicos fundamentalistas.

Gravura - "Melancolia" de Albrecht Durer - Foto de Staatliche Graphische Sammlung - Munique, Alemanha.

Lettre la Art et la Culture
Enviado por Lettre la Art et la Culture em 20/06/2015