Resgate
Antigamente, de vagar nas careteadas
Caso tinha tempo para olhar a natureza
Hoje, se corre, sem ter mesmos a certeza
De retornar ao ponto de partida.
Mas se a vida vale tanto, mais que tudo
Por que, então, andar de pressa assim
Se nas andanças não se busca mais que nada
Não há razões para apressar dela, seu fim.
É preciso andar-se mais devagarzinho
Pelos caminhos sinuosos de então,
Para que os pés pisem firmes neste chão
Sem se ferirem ao deparar-se com espinhos.
São tantas coisas que se fazem contra a vida
Que nem podemos conhecer toda a verdade
Amordaçaram os que gritam liberdade!
E deram tréguas aos que lutam por justiça.
Não vale a pena agredir a natureza
Esta beleza que nos deu o Criador
De paraíso transformou-a o agressor
Em violências que roubaram nossa paz.
Mas se é na luta que decide-se a partida
Pelo braço e voz de poetas e cantores
Numa peleja contra a inversão de valores
Resgatar-se hão as culturas oprimidas.