BEAU GESTE
Beau geste
Certa feita não muito distante
Fazendo algumas compras
Em um empório agrícola,
Ração ferra cupim,
Granulados mata formigas
E outros.
Terminado a encomenda
Feito pronto pagamento.
Produtos ensacados.
O proprietário,
Gentilmente me faz companhia
Até o veículo.
--Quando olhando para o chão,
Vejo-o desviar de uma
Pequena transeunte
Nada menos
Do que uma luzente
Exemplar formiga cabeçuda.
Aquelas filhotes
Das famosas marabuntas,
“estas devoradoras até de homens”.
Ainda, com mesma gentileza,
E agora mais esmero,
Delicadeza incomum,
Afugentava a dita
Para fora da porta de entrada.
Um gesto humano pouco comum!
Compreendi a sua imensa misericórdia,
Bondade e respeito àquela vida
De uma irmãzinha,
Tão pequenina!
--Prontamente o elogiei.
Eu mesmo acabará
De comprar um antídoto
Para a bichinha.
Surpresa... espanto maior quando ele retrucou,
Dizendo:
Como poderia matá-la;
Viva ela traria mais clientes
E ele haveria de vender
Mais antídotos.
-- Continuo perplexo! .
--Pensando melhor
Não é de se estranhar:
Mantenho a guerra
Para vender armas,
Com a bandeira de paz;
Fomento a violência para manter a milícia;
Promovo a praga para vender inseticidas;
Diminuo a pena confessando o crime;
Sacio a fome para roubar o ouro;
Chapeuzinho vermelho e o lobo mal;
´lupus et agnus ’-Turva a água para saborear o cordeiro!
Paradoxo... Paradoxo... Paradoxo...
Belo Horizonte, 19 de agosto de 2015 – Atalir Ávila de Souza