Lucidez poética
Vem falar
que poesia demais apaga o viver
Mas nem sabe se vive
e se vive, "o quê"
Me deixa poetizar a vida
Que eu sei que a minha lente é mais bonita
Que a dessa espécie de gente rabugenta
Me deixa sentir a vida
Que sentindo eu vejo melhor
Sentindo eu sei bem mais
Deixa meu coração analisar
Que vai ser um tanto certeiro
Deixa eu me encantar com os perfumes
Deixa eu sentir o céu ao encarar uma estrela
E estremecer a alma
sob céus pintados de pontos luminosos
sob céus pintados de cores alvas e albas,
ensombreadas de tons de ocaso
Deixa a minha alma dançar,
"quando" e "se",
porque sim
Deixa a minha poesia
que eu deixo o teu amargor
E me diga de que vale tanto fel
numa única existência que diariamente esvai
Só se vive uma vez
Não se ama tudo de uma vez
Não se dita o amar
Não se trava a poesia
E jamais se perde por poetizar.