A ABA II.

A ABA II.

Depois da Aba, o superes.

Ajeitar a face, os prazeres.

Como oração, ler a toa.

Um poema-conto de Pessoa.

O que pensava ali o meu neto?

Olhando pra mim curioso.

Sentia-me restaurador.

“Aleijadinho” de amor.

E ali; Dumont impassível.

No seu olhar imutável.

Senti que um dirigível.

Cruzava os céus com os pássaros.

Pensei na guerra do Iraque.

E a sua “Aba” quebrada.

Mostrou-me a sua tormenta.

E a morte petrificada.

E o meu neto brincava.

E me chamou atenção.

Um supersônico riscava.

O azul daquela emoção.

E uma lágrima caiu.

De olhos meigos, incolor.

E o menino olhava.

E a estátua chorou!

E fomos brincar na areia.

Enfrente a “Fonte do sapo”.

Ali cansei as idéias.

E entreguei “Padre Amaro”.

E lá deixei os seus crimes.

E conheci a “Pessoa”.

Que me apresentou o Fernando

Que eu já lia a toa.

Então lembrei do rio Tejo.

Olhando o mar horizonte.

Pois nunca olhei adiante.

Aonde o sol é poente.

Estava entre o menino.

E tudo aquilo e o poeta.

E me levaram o boné.

Da cesta da bicicleta.

E não levaram meu livro.

Deixaram triste o menino.

E não levaram as idéias.

E muito menos o tino.

E muito menos o momento.

Daquele céu tão azul.

Ficou comigo a “Pessoa”.

E aquele risco no azul.

Quem está ao pé deste mar

Está só ao pé dele; a olhar!

Essa arca cornucópia.

E tudo mais que acontecer.

Segunda feira tranqüila.

E é só mais uma trilha.

Entre Dumont e Pessoa.

E o que ainda vou ler.

Ao meu neto Daniel!

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 28/06/2007
Reeditado em 08/07/2011
Código do texto: T544178