Uma Reforma Política dos sonhos

Observe que as minhas propostas

podem parecer absurdas,

mas lembre-se que o absurdo nesse país,

tornou-se algo tão trivial,

quanto passear no quintal do vizinho,

sem a autorização do mesmo

e cometer barbáries, como saquear,

roubar, estuprar, apoiado na impunidade,

também um absurdo muito comum.

Absurdo o que acontece na nossa capital,

lá no Planalto Central.

Isso é que nem conversar com um surdo e mudo,

sabido que quem é mudo,

o é porque não ouve, e consequentemente,

não consegue repetir as palavras,

salvo se já nasceu sem suas cordas vocais.

Para essa intenção de reforma,

para a Educação empossaria

qualquer professora do ensino público,

principalmente se for do interior,

que consegue lecionar sem lesionar seus alunos,

sem a menor estrutura, sob sérios riscos,

sem planejamento, sem escolas e sem merenda,

porque o rato comeu

e ainda assim consegue motivação.

Não usa mais giz e sim o carvão,

produto que sobrou dos incêndios criminosos.

Nosso povo é muito bom.

Coloco a educação num patamar

um pouco acima da saúde,

pois quem não é alfabetizado,

num gesto equivocado e sem poder ler a bula,

poderá facilmente se envenenar

e para a Saúde, nomearia,

qualquer um que dependa do SUS,

pois o Senhor Jesus

continua ainda muito ocupado

lá pelas terras francesas.

Já que não sofremos ameaças terroristas,

criamos nossos próprios conflitos,

mas sem bombas, muito embora também,

sem a imprescindível vergonha na cara.

Para a Economia, qualquer dona de casa,

qualquer trabalhador, que consiga sobreviver com migalhas,

enquanto os canalhas discursam no Plenário.

Lembra do surdo-mudo?

Para a Agricultura, algum herói das terras agrícolas,

que multiplica os grãos, mas que em vão,

não consegue fazer com que

suas dívidas parem de se multiplicar,

porém, otimista, continua crendo

que na próxima safra vai melhorar.

Somos brasileiros e não desistimos nunca!

Será?

Para a Infraestrutura cometeria a loucura

de chamar algum malabarista de circo,

acostumado com a corda bamba,

pois dos bambas e cínicos já nos cansamos.

Para o Planejamento, o meu vizinho,

ex-traficante convertido, que planejava como ninguém.

Estranho?

Sai um bandido e entra um que já foi do mal.

Para o Meio Ambiente um pescador,

trabalhador que depende das águas para viver

ou, quem sabe apenas, sobreviver.

Para as Minas e Energia,

nenhum político e técnico também.

Basta alguém que já tenha sofrido

algum prejuízo com os apagões.

Não precisamos de tantos Partidos,

divididos entre as esquerdas, direitas,

esquinas, diretas

e nem de tantos Ministérios também.

Ah, e o salário seria o teto do trabalhador,

daquele que pelo menos tem um teto,

que é quem realmente trabalha,

mas no seu alforje de batalhador,

nem farinha seca sobrou.

E a Defesa? Esse deixa pra lá.

Não conseguimos combater nem o aedes aegypti,

quem dirá as pragas do Egito,

os radicais muçulmanos, desumanos,

mas os nossos problemas são interiores

e numa casa desarrumada

entra qualquer tipo de praga

e no nosso caso

o que tinha de mal para entrar

já entrou.