Ainda restam esperanças
Febre alguma mata,
é apenas um aviso que há
alguma infecção no organismo,
ou uma peça com defeito no mecanismo
ou várias, de acordo com a intensidade
da temperatura corporal.
Veneno de serpente não mata,
o que mata é a falta de socorros.
Fome não mata,
o que mata é a má distribuição,
aliada as diferenças sociais.
Solidão não mata ninguém,
o que mata é o descaso,
acrescido do abandono,
coisa mais que comum.
Não é a falência da educação que mata,
o que nos mata é a falta de opções
que aquela provoca.
Tiraram de mim, vou tirar de alguém.
Atiraram em mim, vou atirar em alguém.
Foi-se o tempo da concordância perfeita:
cuidaram de mim, vou cuidar de alguém!
Com a falta de saúde e o açude seco,
fica impossível para o pescador pescar,
mas ainda assim,
restam algumas esperanças,
pelo menos de que chova,
mas não é em qualquer rio
que a anchova pode nadar
e quanto a fazê-lo no Rio Doce,
ai, que dor,
ali, naquele meu rio,
atualmente, infelizmente
e contundentemente,
amigos, nem pensar.