Posso Ver

Eu vejo sangue nas palavras

Gritadas pelos mortos indigentes.

Ouço a arma que não trava

A assassinar minha gente.

Sinto tudo que me entala

Num choro rouco e consciente.

Torno o sofrer em palavras

Tentando maquiar quem sente.

Eu vejo corpos dispostos

Em calçadas crescentes.

Ouço os choros impostos

Na boca da minha gente.

Eu vejo um homem maltratado,

Amordaçado feito em paisagem.

Vejo outros de olhos atados

Ignorando-o naquela paragem.

Eu vejo o que contemplo,

Vejo e ouço o sofrimento.

Vejo que o rico pro pobre

É um para cada cento.

E que desde sempre o que mais sofre,

É o que luta pelo sustento.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 09/03/2016
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