OS BICHOS.
Tomei um susto, espanto!
Naquela cara borrada.
Em pleno sinal vermelho.
Correndo feito espantalho.
Tentei entender o momento.
Da rebeldia, e atento.
Brequei a vida e o sinal.
No quadro tão surreal.
A gangue de jovens meninos.
Meninas badalam o sino.
Com suas caras pintadas.
Suas cabeças raspada.
O corpo sujo de cores.
Lama de farinha e água.
Lambuza falsa esperança.
De um dia cuidar da criança.
Cuidar do velho enfermo.
Andar por salas a ermo.
Provar o gosto da morte.
O eter exala tão forte.
Coser o braço rasgado.
Fechar o ventre furado.
Limpar o sangue que escoa.
Daquela estranha pessoa.
E ver a vida surgir.
Daquela barriga alta.
Muchar a dor da mulher.
Ouvir o choro da fé.
Olhar com olhos de espanto.
De quem perdeu seu amor.
Lidar com toda a tristeza.
Com a esperança e a dor.
Eu olho esses meninos.
Com seus badalos e sinos.
Com suas caras pintadas.
Suas cabeças raspadas.
Em pleno sinal vermelho.
Numa avenida da praia.
Sorvendo bebida barata.
Entre a esmola e a vida.
E o sinal se faz verde.
Saí do susto e da zorra.
Espero que o futuro.
O meu espanto resolva.
Escondo a ira e o ódio.
Nos sonhos desses felinos.
Que o bisturi corte certo.
O umbigo daquele menino.