OS BICHOS.

Tomei um susto, espanto!

Naquela cara borrada.

Em pleno sinal vermelho.

Correndo feito espantalho.

Tentei entender o momento.

Da rebeldia, e atento.

Brequei a vida e o sinal.

No quadro tão surreal.

A gangue de jovens meninos.

Meninas badalam o sino.

Com suas caras pintadas.

Suas cabeças raspada.

O corpo sujo de cores.

Lama de farinha e água.

Lambuza falsa esperança.

De um dia cuidar da criança.

Cuidar do velho enfermo.

Andar por salas a ermo.

Provar o gosto da morte.

O eter exala tão forte.

Coser o braço rasgado.

Fechar o ventre furado.

Limpar o sangue que escoa.

Daquela estranha pessoa.

E ver a vida surgir.

Daquela barriga alta.

Muchar a dor da mulher.

Ouvir o choro da fé.

Olhar com olhos de espanto.

De quem perdeu seu amor.

Lidar com toda a tristeza.

Com a esperança e a dor.

Eu olho esses meninos.

Com seus badalos e sinos.

Com suas caras pintadas.

Suas cabeças raspadas.

Em pleno sinal vermelho.

Numa avenida da praia.

Sorvendo bebida barata.

Entre a esmola e a vida.

E o sinal se faz verde.

Saí do susto e da zorra.

Espero que o futuro.

O meu espanto resolva.

Escondo a ira e o ódio.

Nos sonhos desses felinos.

Que o bisturi corte certo.

O umbigo daquele menino.

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 10/07/2007
Reeditado em 08/07/2011
Código do texto: T558884