Retirante

Facão em punho,

Abro picada.

Em luta insana pela saída.

Corrente forte aos pés atada.

Só busco água, desejo vida.

Tempo largo,

De clausura e engano.

Em solo seco, plantar em vão.

Dança da chuva, dia, mês e ano,

A surdez dos santos em molhar o chão.

Mudo de ares,

Pra trás a família.

Sudeste profícuo de água e de pão.

Encontro cenário de pouca valia.

Só como de dia, de noite não.

Aqui ou lá,

Onde fica o inferno?

Talvez no caminho, no Planalto Central,

E em outros palácios, os homens de terno.

Gerindo o Brasil como um grande curral.