O NARIZ NERVOSO DA JUVENTUDE.

O NARIZ NERVOSO DA JUVENTUDE.

...Nariz há meu nariz!

Como é tão frontal esse nasal...

Tenho-o na frente da cara

Entre bitucas, esbirros e florais.

Entre o olor do teu dorso.

E o canteiro desse morto.

E o lixo das pessoas apressadas.

Que emporcam as calçadas.

Meu tato, meu olhar e o meu tom.

Minha língua e o disco na mão.

Minha imagem e o meu coração.

E ao longe uma velha canção.

E o Juca dedilha um poema.

Seu imenso e prosaico nasal.

Pés descalços, sentado no palco.

Nessa imagem de outra dimensão.

Não cheirar esse pó tão impuro.

Ervas falsas, misturas letais.

Quero ter o teu cheiro na alma.

Quero tato, e teus beijo fatais.

E a chuva molhando meu rosto.

Misturado-se com lágrimas e a canção.

Envelhecer num tonel de carvalho.

O teu cheiro e a minha emoção.

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 13/07/2007
Reeditado em 01/07/2011
Código do texto: T563174