A inquietude da adulação extrema
Inconsciente inferioridade bem delineada pela adulação.
Meus passos te preocupam, te ameaçam,
te programam a odiar, e esse convincente amor
lança a confiança ao que me prende a você,
pelo carinho que sua soberba aliciada há de derrubar,
muralha de indecisão, de mil planos traçados e nenhum cumprido.
O tempo corre e você persegue a sofisticação de uma cópia autenticada,
por quase nada, uma tomada de preços pagos com sangue,
sorrisos partidos e olheiras bem distintas, refém de palavras.
Nada mais é real, nunca foi, já não se sabe mais o que é essencial,
apenas afirma-se que mentira é um charme e o desencanto, fruto.
Você reescreveu o paraíso e por excelência não houve outro,
parafraseou respostas, inserindo interrogações nas despedidas.
A doce companhia fez-se medo, uma envolvente teia de delírio.
Vi-me conversando com tantas faces, sem nenhuma visível,
senti-me conversando sozinha uma centena de vezes, francamente.
A desconfiança assassina qualquer chance de engrandecer o afeto,
serve tão somente para abrir mais feridas dentro do peito.
A ira escancara os lobos famintos e rivaliza com a fidelidade,
nos gritos, insultos descarados, opiniões grifadas com acidez.
O perdão por acaso traz de volta a paz que perdi tentando te decifrar?
Você pede perdão em virtude do remorso ou sinceramente lamenta?
Precede a chantagem, a suposição cuidadosamente encaixada
para que a dúvida se implante e perturbe as últimas horas do dia.
Não é amizade se não se sobressai o companheirismo,
se a competitividade apaga o brilho dos olhos.
Abril/2014