A inquietude da adulação extrema

Inconsciente inferioridade bem delineada pela adulação.

Meus passos te preocupam, te ameaçam,

te programam a odiar, e esse convincente amor

lança a confiança ao que me prende a você,

pelo carinho que sua soberba aliciada há de derrubar,

muralha de indecisão, de mil planos traçados e nenhum cumprido.

O tempo corre e você persegue a sofisticação de uma cópia autenticada,

por quase nada, uma tomada de preços pagos com sangue,

sorrisos partidos e olheiras bem distintas, refém de palavras.

Nada mais é real, nunca foi, já não se sabe mais o que é essencial,

apenas afirma-se que mentira é um charme e o desencanto, fruto.

Você reescreveu o paraíso e por excelência não houve outro,

parafraseou respostas, inserindo interrogações nas despedidas.

A doce companhia fez-se medo, uma envolvente teia de delírio.

Vi-me conversando com tantas faces, sem nenhuma visível,

senti-me conversando sozinha uma centena de vezes, francamente.

A desconfiança assassina qualquer chance de engrandecer o afeto,

serve tão somente para abrir mais feridas dentro do peito.

A ira escancara os lobos famintos e rivaliza com a fidelidade,

nos gritos, insultos descarados, opiniões grifadas com acidez.

O perdão por acaso traz de volta a paz que perdi tentando te decifrar?

Você pede perdão em virtude do remorso ou sinceramente lamenta?

Precede a chantagem, a suposição cuidadosamente encaixada

para que a dúvida se implante e perturbe as últimas horas do dia.

Não é amizade se não se sobressai o companheirismo,

se a competitividade apaga o brilho dos olhos.

Abril/2014

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 26/05/2016
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