Poema do boçal da internet

Numa banquinha de beira de estrada,

Para comer, de dentro do meu quarto,

No meio da noite, no anonimato,

Comprei a verdade, bem embrulhada.

Da segurança das minhas paredes,

Alimentei os membros dos tribunais,

Os Promotores e Defensores gerais,

Servi verdade em todas as redes.

A condenação é automática,

A argumentação, aleatória,

Atenção, para mim, é a glória,

A execução é sempre sumária!

Não há defesa, somente contenda,

Não existe recurso nem cabe bom-senso,

Quanto mais eu posto, menos penso:

E não há polícia que me prenda.

Sou um boçal que não checa a fonte,

Sou o reflexo da preguiça do povo,

Copio e colo, não falo nada de novo,

Em matéria de lixo, eu posto um monte!