A dor de sepultar um país
Queria que o Mundo sentisse as minhas preces
Queria dar ao mundo o pedaço da minha essência
O meu espírito libertava transcendências,
Vivia a liberdade sem medir a as consequência
Agora, o infortúnio assola-me com tanta veemência
Plantei o espírito num campo em que germina a malícia
Ó Deus, veja estas lágrimas pintadas de agonia
Quando afundei-me na miséria à espera de Deus,
Mesmo sem ver a mão de cristo a salvar os meus,
Disseram as más línguas que me superestimei demais
E que era tanta esmola abençoar-me, era favor demais
Agora percebo, a sorte escondeu-me atrás da neve
Rogo ao ente supremo que desta vida me leve
A morte para mim é a coisa mais leve
Fatiga-me o peso da existência
Eu rogo-te, ó Deus, que tão cedo, desta terra, me leve
Por que tenho que acompanhar este colapso do mundo?
Poluem a minha essência essas partículas de medo
Vejo momentos fúnebres, o meu espírito, povoando
Existência adormecida, Vidas apagadas por razões ignotas
De madrugada, catanas atravessam os crâneos;
Para onde nos leva o tempo? Onde foi sepultada a moral?
Cadáveres desfilam nas matas à espera de um funeral
Um funeral condigno que nunca poderão ver
Idealizam túmulos que nunca poderão ter
Em Moxúguè as balas atravessam existências,
Interrompem os meus sonhos quando me sinto vivo.
É um golpe na alma assistir ao funeral de um país
Pesa-me a existência, vou mendigando a morte
Até quando verei a fome a sepultar a minha gente
Até quando sobreviverei aos golpes desta angústia
Manos, sem peso no estômago, fronteira da vida atravessaram
Putos Sem sonhos realizados, ao assento etéreo ascenderam
Por que devo assistir ao colapso do mundo,
Se eu posso ascender ao tão sublimado criador de tudo?
É favor de mais atribuir-me a morte
Porque morrer, nestas terras, é excesso de arte
Ante a vida insana neste mundo profanamente turvo,
É um supremo castigo manter-me vivo