A morte de um pais

Tu nunca viste um filho de Deus

Refugiado na mata a viver só de areia;

O olhar de um moribundo à espera de Deus

O coração de um pai com filho morto nos braços,

Não conheces a dor, nunca viste a agonia de um filho

A tristeza habita na lágrima da enteada de um pedófilo

No olhar de uma mãe sem pão nem água para o filho

No choro do bebé que tenta buscar leite no cadáver da mãe

Mãe adormecida ao sabor de uma bala encravada no peito

A criança chora, esperneia, secou-lhe a fonte da sobrevivência

Enquanto a fome abate e enterra o olhar daquele menino;

Na fartura, o teu filhos brinca de helicópteros ainda menino.

Manos em muchungue defecam munições nas costas do povo

Bancos famintos, bolsos desabitados de moedas, a crise impera de novo

Tombei numa morte sarcasticamente epopeica.

Estou pronto para vestir o pijama de madeira,

Binocular o mundo a partir da fúnebre trincheira.

<<Partir>> não é vontade, é a voz do eterno legislador.

A tua fé mentiu e a tua espada te degolou…

Quando beijares a sepultura que o tempo preparou,

Como a triste sombra que o tempo apagou,

Sucumbindo ante a dura lei do esquecimento,

Não haverá Deus que te salve da fúria do destino.

Quando a morte me chamar, vou com um sorriso epopeico…

Pois, sobre mim, não resvala a borracha do tempo.

Já não é tempo de procurar diamantes no rio de sangue dos outros manos.

No reino da agonia, impera a tristeza que germina no coração das minhas manas.

Venham comigo à luta, salvar vidas e repor o sorriso nos lábios daqueles manos!

Manos, deramemos sangue e suor para que Mocambique não morra de novo.

Mutxipisi
Enviado por Mutxipisi em 16/11/2016
Código do texto: T5824981
Classificação de conteúdo: seguro