Crianças da Síria

A linha de frente avança a olhos vendados.

De leste a oeste, extremos rebelam-se.

Pequenos olhos perscrutam estopins que acendem o luar.

Rostos conflitantes protestam frente à inércia.

O torpor se avoluma na tortura de dias e horas arrastadas.

Na arena forjada, a escuridão se alastra.

Peças de um mesmo jogo

se movimentam em campo minado.

Lados opostos, um mesmo medo.

Pequenas mãos suplicam ao vazio,

Sem vida, só sobrevida

Apenas se levam, sem nada levar.

O sono carrega confuso, estrondos surdos regados a medo e sem canções de ninar.

Só existe o nada,

a figura difusa, pequena e multicor descansa em escombros, na dor.

Seus olhos fundos registram a morte

A vida é passado, sonhado, queimado e abandonado.

Sombras avançam miliciadas na ira libidinosa da ânsia final.

Um grito, mil ecos se lançam no ar.

Silvana Mello
Enviado por Silvana Mello em 17/11/2016
Reeditado em 26/06/2017
Código do texto: T5826130
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