Repara o moço
Largado ao desgosto
Faminto do pertencer
Famigerado medo

Ninguém... ser!

A sina do miserável
Viver no gueto
Feito bicho sem dono
Vida Graciliano

Marca do abandono
De um regime democrático
Onde todos são des (iguais)
Perante o preconceito

[...País tropical
Abençoado por Deus
Povo varonil
Governo do gentil...]

Longe desta fábula
Veja na cidade e no sertão!
Nas avenidas e becos
Desfalecido espectro

Consta menos um
Que nunca foi lembrado
Por seu ato valoroso
De viver humilhado

A cidade limpa
Transeuntes felizes
O governo proclama
Acabou-se a miséria!

Bolsas que amarram
No poço o iletrado
Este pobre coitado
Que se vê obrigado
A votar no senhor doutor

Político dos bons!!!
Cuida de manter afastado
O homem de seu legado
Ser igual em condições
E não viver condenado.

O moço da calçada
Não entendia... quase nada
Mas sabia o quanto sofreu...
Estendido na avenida

Vitrine em decomposição
Restos de uma sociedade
Muro de lamentações
Aguarda redenção
Jennifer Melânia
Enviado por Jennifer Melânia em 09/01/2017
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