CAVALO DE CARGA
Com o trêmulo trocar de passos,
O cavalo de carga arrasta o homem
Feito a um tumor exposto.
Enquanto vampiros que habitam o chicote
Lambem frisos de sangue como fios de navalha,
Ladeira acima o incêndio dos pulmões
São labaredas intrínsecas, acesas no atrito.
Cascos sapateiam uma dança impossível,
Enquanto o homem segue impassível
Ostentando seu orgulho de condutor.
O homem com sua mão sombria
Manobra vampiros que possuem
Cabeça de açoite e o idioma do sal.
Ladeira acima, o cavalo de carga
Carrega o homem feito corcunda suplementar,
Enquanto terremotos surdos dos músculos
Sacodem o animal.
Suas narinas arfam
Feito aos dragões agonizados,
O coração bate feito rituais africanos,
Até que a morte consoladora
O conduz ao colo do criador
Num repouso definitivo.