O quadro que nunca vi

Foi uma infância inteira...

Todas as vezes que vi
aquele quadro,
aquele mesmo de sempre,
morreu, em mim,
esse quadro de outrora,
que, sem ter sido realmente,
nunca seria o que foi,
se houvesse lugar
para aquele quadro
na minha existência.

Foi uma infância inteira...

O quadro, ilustrações
coloridas desses livros
infantis ou dos
livros infanto-juvenis
que eu considerava
reais quadros, como,
as histórias-em-quadrinhos,
que, para mim, também eram
verdadeiros quadros,
quadradinhos quadrados.

Foi uma infância inteira...

Quantos não tiveram
nem as ilustrações,
nem os quadradinhos
para compor o quadro
da existência infantil,
sua existência infantil
e da existência após,
consequentemente;
pintores verdadeiros,
deixaram de sê-lo.

Foi uma infância inteira...

Mas o quadro da existência
seria outro se visto
por olhares de direito,
olhares desses pobres,
acostumados aos quadros
de pobreza e miséria,
quadros tristes e reais
pintados por gente
má, que nunca apreciou
um quadro de verdade.

Foi uma infância inteira...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 02/02/2017
Código do texto: T5900304
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.