MALDITA

Aparência… maldita aparência.

Pela capa, julga-se o livro.

Pelo nome, julga-se o filme.

Pela aparência, julga-se o indivíduo.

Maldita, maldita…

não me canso de repetir,

maldita, maldita…

Crescemos e emburrecemos.

A beleza da natureza divina

da lugar à natureza destrutiva.

Cria-se para destruir;

já falei sobre isso!

Ah maldita fantasia

da qual nos revestimos todo dia.

Nos fantasiamos conforme o caso;

também já falei sobre isso.

Malha-se para se ter corpo perfeito.

Perde-se horas em academias

e não se perde um minuto

para malhar o espírito

e ter uma alma perfeita…

Engraçado , já falei sobre isso também.

Bem, parece que falar

seja o assunto que for;

eu já falei sobre isso!…

Então paro por aqui

gritando sem parar,

maldita, maldita aparência

que me discrimina,

que me coloca na calçada

e como um marginal

me prende em mim mesmo;

sem janela, sem porta; a água e pão.

Estou na solitária da discriminação,

simplesmente por não ter

a aparência aceita pela sociedade.

Afinal, quem é a maldita:

é a aparência, a sociedade,

ou a natureza demoníaca?

… quem será …?

Enquanto não obtenho resposta

aguardo o habes-corpus

ou a anulação da pena.

Afinal, é assim que vivemos todos…

Vivemos na expectativa da absolvição

e quando somos absolvidos,

não conseguimos viver

plenamente livres; o passado é presente.

Não porque queremos, mas sim,

porque outros lembram-nos.

Ficamos então pensativos

e escavamos profundamente

em nossas mentes, e vem a tona

condenações já absolvidas,

e até criamos fatos

para sermos crucificados.

Mas o que fazer… essa é a vida.

É a real condição de todos nós.

E não é que já falei sobre isso!…

PEREZ SEREZEIRO

serezeiro@bol.com.br

Perez Serezeiro
Enviado por Perez Serezeiro em 18/02/2017
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