MENINO DE RUA
No caminhar daquele menino
Culpa que o destino
Trouxe naquele dia
Em que o menino brotou
Para os piores momentos
Que sua passagem aqui
O reservou: coitado
Menino de rua-
Culpa tão pequena e quase sua!
O tempo não apaga
A triste imagem que se tem
Daquele coitado menino de rua
Culpa tão pequena e quase sua,
Mas o caminhar daquele menino
Retrata uma solidão
Que o tempo não apaga
E a culpa que o destino
Trouxera-lhe.
- Assim é o caminhar
Daquele triste coitado
Menino de rua,
Naquele dia!
Um espanto a dois
Quem sabe um pranto depois
Que a luz em chama
Dizer que se amam
Os meninos de rua
Um espanto quase total
Um pranto no canavial
São suores dos rostos
Daqueles míseros meninos de rua
Uma culpa tão sua
- Coitado menino de rua-
De nada possuir
Além de sarjetas e sargentos
Em seus magníficos pés!
(Uma culpa pequena tão sua).
Mistura de palavras pesadas
Uma cruz e uma espada...
Um silêncio de uma vida incerta
Naquela rua quase deserta
Carregada de emoções
Transparentes em teus olhares
Denunciantes como ninguém
Sobre as mazelas da sociedade
Nessa maldita cidade
Que é dona do seu próprio bem.
Se bem que o menino não tem bem
Ele tem um risco de vida
Pisoteado pelo destino
Que a história se incumbiu
De nunca resolver,
Pois assim os "pilantrópicos"
Têm o que fazer...
Eles fazem de tudo
Eles nada fazem
Eles se despem do mundo
E ainda se reconcilia com Deus
Por meio de uma “bela ação”
Retirando da corrupção
Aquelas migalhas de pães
Que os meninos de rua
Alimentam-se com muita vontade
Já que a fome é firme e forte
Desde o Sul até o Norte
Desse país cheio de “felicidade”!
Algumas igrejas dizem amém
Dizendo ser para seu próprio bem
Ajudar os menos favorecidos,
Mas porque não dividem suas riquezas
Tão nobre,
Tão recheada de esperteza
Com os meninos pobres
Que não possuem um vintém?
Brasília – DF, 2014.