No pesar da balança
Do topo da escada já não se enxerga o povo.
O ninguém é ninguém no pesar da balança...
Bateram panelas, bateram canelas, lavaram o rosto.
Suaram um pouco... Encheram a pança!
O barulho ressoa, invade o estômago
Enoja o oco vazio e sem vez; sem comida.
É a vida?
Foi um erro, é um erro, eis o erro:
Foi um berro sem lei,
Foi um golpe sem freio, a vergonha a passeio
Enchendo a mídia que cala em apoio.
E o povo? - É ninguém!
É o imposto, é o fosso, é o corte no pé.
É imposto que o preço é viver sem ter fé.
É o povo que é voto, e nem isso mais é.
É o povo vintém,
E o povo? - É ninguém!
Adianta temer?
Adiante o impostor, jorra o riso do rico...
É errado, é furtado, é encosto e frieza,
É a lama, é a ordem, o progresso é tristeza.
Sem descanso, sem plano, sem tempo, sem voz.
É gigante o descaso que cai sobre nós.
Do topo da escada já não se enxerga o povo.
O ninguém é ninguém no pesar da balança...
É o imposto, é o falso, é uma imensa lambança
É imposto que o preço é viver sem esperança.
É o povo que é voto e não entra na dança.
É o povo vintém.
E o povo? – É ninguém.