O silêncio da cidade

Escuta o silêncio na cidade.

Na verdade, nada se escuta.

O grito oculto,

no peito de quem não se vê.

Você olha para tantos lados,

e ainda não enxerga.

Ei, tem um homem morto ali.

Sua alma ainda está dentro do corpo,

mas seus sonhos lhe deixaram sucumbir.

O que é do homem,

o bicho come.

Tô vendo o bicho roubar por aqui.

Corre Dona Maria.

Cuidado com a bala perdida.

Infarta teu peito desta agonia,

de esperar pelo fim de mais um dia.

Com rimas pobres,

empobrecido está nossos sorrisos.

Eu rimo na calada,

para que minha poesia não seja silenciada.

Corre, e escuta.

Antes que alma latejada escorra da pobre estrutura.

Na cidade nada se escuta,

apenas o silenciar dos inocentes,

Que se perderam nesse mar de gente.

Na cidade, sim, se escuta.

Apenas, às palavras da má conduta.

É rico sorrindo como santo,

e pobres chorando pelos cantos.

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