Sem pão, sem açúcar

Eu que trabalhei, suei, me entreguei e sangrei;

Dinheiro no bolso não tem mais, eu já sei.

Tô na fila só de ida, mas pra onde é que eu irei?

Falta comida, remédio e chão; o que sobra é a lei do cão.

Não quero ficar nesse estado,

Maltratado e paralisado.

Consolado por "santo" chique,

E com tanto pop sem ibope.

Não vou deitar no asfalto quente,

No fogo cruzado de tanta gente.

Prisões, confissões, delações e repressões.

Estendo faixa, rasgo cartaz.

Não é só pra mim o mal que me faz.

Genocídio silencioso de velho e de criança.

Faca amolada rasgando o último riso de esperança.

Álvaro Marcos Teles
Enviado por Álvaro Marcos Teles em 07/08/2017
Código do texto: T6076501
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