((( JÁ NÃO HÁ VIDA )))

Meus olhos lacrimejam algo

Quando percebo que a pouco anoiteceu

Pessoas apressadas deixam seus empregos

Transformando vício em combustão

Ansiedade em urgência

O tempo, impassível

Consome minutos e vidas inteiras

Enquanto famintas famílias

Devoram seus jantares

Compenetradas em suas telenovelas

Alegria e tristeza são distribuidas a esmo

Motivando cultos religiosos e happy-hours

Na madrugada, as casas dormem trancadas

E seus ocupantes sonham

Aventuras que nunca viverão

Já não há vida.

Já não há dia.

Luzes e palavras foram apagadas.