Mensagem ao lugar onde Moro

Muro de pedra empareda-o

Prédios depredados emparedam-se

Pedras despedaçadas petrificam-lhes

Paredes empedradas purificam-na

Murro no muro empedrado

Despedaçado purificado.

Putrificado de pedras puras

Por paredes praticantes do murro.

Morro pelo murro do muro empedrado

Moro no meio do muro em meio ao morro

Petrificado. Morado. Moralizado.

Enquanto pedras e pedradas purificam

Muros altos de poderosas pedras

E prédios putrificados,

Morro. Pelos muros. Mudos.

Mudo de morar

Mudo de murrar a pedra

Pedra de parede de onde

Eu morava

Morrer e deixar-se murrar

É tarefa de quem não tem medo

De muro. De Moro. De murro.

Gente de pedra.

Gente pura.

Gente porreta que porra...

Não se intimida em pedradas

De muros altos e...

Moro... eu sei onde você mora...

Sei que em muro de moro

Não tem pé de amora.

Porque a poesia não te aceita

Não por que a pureza do seu muro

Empedrado de pedras duras

Não suporte a delicadeza da amora

Mas é por que, conhecemos.

Pra amora morar no meio do

Muro do moro, meu amigo...

Nem por amor.

Amor de amora não tem morada

Em qualquer canto.

No meio do muro murrado e morto

Ja vi moradias emparedadas

Petrificadas e putrificadas

Mas moro, teu muro há de cair

Cai com o vento manso de gente pura

Sopro forte da palavra pedra

Pedra palavra rara que cai na tua toca

Se toca hein, que nem quem toca vai te querer.

Nem gente pedra.

Nem gente pura.