Ecce Homo

Emparedado numa cova rasa,
Vejo os insetos
Comerem o meu resto!
Por tudo que fiz,
Ainda dizem que eu não presto!
Não sou feliz,
Pois vejo minha devassa!
Querem dar-me uma cicatriz!
Não veem o que se passa:
Tanto réptil no congresso,
Picando minha carcaça!
Tantos são os objetos
Lançados em minhas costas:
Honras que não prestei;
Hoje me são impostas!
A desgraça não é tão pouca,
Pois juntam o que não é da Lei
Com coisas da vaca louca...
Um cérebro que é tardio,
Não funciona legalmente,
Buscam coisas no buraco...  
O argumento é pobre e vazio!
Já mostrei ser inocente,
Mas o meu questionamento é fraco...
Juram que sou um decadente,
Porque não tenho sabedoria...
Não cursei coisas profundas,
Mas de cada pouco um taco!
Há muito juro ser inocente,
Desde que pedi minha alforria...
Sofri tudo o que pude,
E morro por sabedoria!
Tem gente que se ilude;
Pois toda justiça trás sangria...
Não entrei em faculdade,
Mas aprendi no caminho da vida...
Mostrei minha lealdade,
Desde o dedo cortado...
Talvez, a menor ferida...
Sou um homem atropelado!
Subi em púlpitos e mostrei a fantasia
Que havia numa subida...
Mas existe muita maldade
No que me impõem... Assoberbados!
O porco mundo não dá guarida!
 
                                                     
 
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 09/11/2017
Reeditado em 20/10/2018
Código do texto: T6167103
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