"AQUELES” QUE ME MUTILAM; NEM SEI QUEM SÃO.

Cortaram minhas pernas e me obrigaram a correr;

Numa corrida injusta, que não posso vencer,

Rumo a um futuro que não posso desfrutar, apenas ver.

De tão torturante, me nego a crer;

Finjo estar tudo bem; tá, pode ser!

Sentir as “correntes”, já é uma vitória!

Mas, se não posso ser o que quero, cadê a glória?

Me cegaram de fato;

Rasgaram minhas córneas;

Levaram meu globo-ocular numa sacola preta,

Mas na hora do ato;

Esqueceram comigo, a baioneta.

Agora sou cego, cheio de ódio e armado.

Mas pra eles, melhor, pior se tivesse na mão, uma caneta.

Pra eles é melhor que assim seja,

Apunha-lo meus semelhantes;

E entrego-lhes a vitória de bandeja.

E é nesse instante;

Que o passivo fraqueja;

Pra uma realidade contrastante,

Daquilo que realmente se almeja.

Aprendi enxergar com os ouvidos;

Não é necessário questionar, sobre o que me foi dito.

Pensar em duvidar da verdade absoluta?

Ah, ora bolas isso eu nem cogito,

Pois estou cansado de tanta labuta.

Prefiro me perder, naquilo que assisto.

Visto que é uma luta, a ideologia de “penso logo existo”.

Calaram minha boca;

Agora falo pelos cotovelos.

Dizem que vou conseguir alguma coisa,

Porém, só se dobrar os joelhos.

Sigo dando “bom dia a cavalo”,

Tomando “injustiças” no gargalo

Enquanto minha vida escorre pelo ralo.

Humano? Não mais sou,

Agora; bicho.

Ou sou uma espécie inferior?

E eles evoluídos;

Será que é isso?

Levaram minha dignidade.

Alegando que não preciso disso.

Disseram que ser pobre é promiscuidade.

(Achei muito esquisito)

E que seria vaidade;

Querer sair desse misto.

E pra minha calamidade;

Eles disseram: ser “humano” é capricho,

De quem possui poder aquisitivo.

Ataram minhas mãos ao pelourinho; com a palavra “sistema” nele escrito.

Podia sentir as chicotadas, mas, ninguém parecia ouvir meus gritos.

E pra ser sucinto; pensando em tudo que sinto.

Vou dormi e acordo sempre da mesma maneira;

Mas hoje, diferente de antes;

Dos problemas me esqueci, e, por alguns instantes

Me sentia livre desse dilema... Enfim era sexta-feira!

Mas de repente me encontro aflito

E num lapso de razão; reflito:

Eles querem me manter ocupado;

Na ilusão de ser feliz,

Mantendo alapado; que estou preso à matrix.

Eles querem que, de pensar, eu me esqueça,

Mas isso só vai acontecer quando cortarem minha cabeça!

David Wanes
Enviado por David Wanes em 14/01/2018
Reeditado em 19/04/2018
Código do texto: T6226136
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