O Pássaro que morreu ontem (POEMA PARA OSCAR PEREZ)

Não há como ser livre

Espíritos livres, pensam liberdade

Mas meu pensamento está na alma

Minh'alma, em minha mente

E minha mente está em mim

Assim, não há como ser livre de verdade

Pois hoje eu penso não ser eu

Eu era um pássaro, que morreu ontem

No meu voar, sem precisar de amparo

Eu tinha um Deus como amigo

Que me provia a água, que chovia

No meu beber, sem precisar de cântaros

E meu cantar de pássaro subia aos Céus

Meus Céus e meu Deus

Eram bem maiores que os seus

Assim era o meu viver

Sem abrigo, anteparo e nem casa

Feliz, feito alma livre

Que não pensa, porque não precisa

E sem pensar me feriram

Quebraram-me as asas

Qual se fosse nada

Qual se fosse brisa

Mataram-me, sem precisar sentir vontade

Uma das poucas liberdades que se tem

E aquele, agora sou eu

Sou eu, sem o poder de ser eu mesmo

Mesmo assim, de alguma forma

Eu sou obrigado e vou seguindo às normas

Regras de gente, totalmente imprecisas

E já faz algum tempo que estou aqui

Pacata vida, de pássaro que não voa

Pensamento preso à alma, pois pensar precisa

Vivendo à toa, esse tempo infinito

Sentindo a saudade, que também me mata

Porém, quase nunca, uma morte certa.

Edson Ricardo Paiva.