Morador de rua
Jogados ao léu, por cada alameda da cidade
Estirados ao lixo, ao preconceito, ao desprezo
Por esquinas, viadutos e praças...
Um povo que mora na melancolia
Uma triste e vil realidade...
Carentes e abandonados
Imperceptíveis ao olhos da sociedade
Passamos por eles e não queremos enxergar
Se vestem com farrapos e vivem a mendigar
Muitas das vezes por falta de opção
Seres pedintes, não só de pão
Mas de consolo, de um mínimo de atenção
Andrajosos, trajados com a tristeza em seus rostos
Maltrapidos, carregados de solidão em suas costas
A perspectiva não amanhece com eles
Acordam com o vazio
E na noite, pelos cantos das ruas enegrecidas
Ali dorme um pai de família
Na noite, debaixo dos viadutos, ali dormem crianças de almas feridas
Muitos, passam dias inteiros, sem verdadeiramente dormir
O frio dilacera a alma, a fome corrói as suas entranhas
Sabe na pele o que é passar por tal situação?
Povo sofrido, desguarnecido de abrigo
Largados, maltratados e dilacerados...
Esquecemos que naquele corpo empalamado
Naquele olhar seco e caído
Naquela face suja e sem sorriso
Ali existe uma alma, um coração...
Morador de rua não morde
Morador de rua tem dignidade
Morador de rua é um ser humano...