Morador de rua

Jogados ao léu, por cada alameda da cidade

Estirados ao lixo, ao preconceito, ao desprezo

Por esquinas, viadutos e praças...

Um povo que mora na melancolia

Uma triste e vil realidade...

Carentes e abandonados

Imperceptíveis ao olhos da sociedade

Passamos por eles e não queremos enxergar

Se vestem com farrapos e vivem a mendigar

Muitas das vezes por falta de opção

Seres pedintes, não só de pão

Mas de consolo, de um mínimo de atenção

Andrajosos, trajados com a tristeza em seus rostos

Maltrapidos, carregados de solidão em suas costas

A perspectiva não amanhece com eles

Acordam com o vazio

E na noite, pelos cantos das ruas enegrecidas

Ali dorme um pai de família

Na noite, debaixo dos viadutos, ali dormem crianças de almas feridas

Muitos, passam dias inteiros, sem verdadeiramente dormir

O frio dilacera a alma, a fome corrói as suas entranhas

Sabe na pele o que é passar por tal situação?

Povo sofrido, desguarnecido de abrigo

Largados, maltratados e dilacerados...

Esquecemos que naquele corpo empalamado

Naquele olhar seco e caído

Naquela face suja e sem sorriso

Ali existe uma alma, um coração...

Morador de rua não morde

Morador de rua tem dignidade

Morador de rua é um ser humano...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 18/02/2018
Código do texto: T6257088
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