Foi um Rio que passou...

O país dos absurdos,

dos surdos, dos cegos e dos mudos.

Daqueles mesmos que não ouviram,

não viram e nem vão falar nada.

O Rio também tem os seus meninos,

que sonham com a bola e não com bala,

mas se tiver que ser bala,

que seja daquela bem doce,

que nem bombom.

Temos rios em abundância.

O Rio, Cabo Frio e calafrios,

(e como anda rápida a violência)

mas no entanto,

se tem mais acesso a cocaína,

que a água nas torneiras,

em algumas cidades por aí,

Itaboraí.

Copacabana,

como foi bacana conhecer você,

quando até namorei na ladeira dos Tabajaras,

mas hoje, tá na cara,

que eu sequer me atrevo a subir.

O Rio também tem bons meninos

que precisam sonhar.

Os meus filhos também foram meninos lá,

quando sonhar era completamente gratuito,

só que hoje não dá para encarar o mar,

enquanto essa onda não passar.

O Rio do Cristo Redentor,

de cartão postal do Brasil,

para um Rio completamente abandonado,

porque o Brasil não consegue nem cuidar de si.

Ilha do Governador, meu grande amor,

cadê o seu mais ilustre morador?

Rio bom era o Rio do menino Paulinho,

quando empunhou a sua viola

e seguiu o seu talento,

num tempo em que não havia fuzil.

O Rio que encantou. Um Rio encantador.

Do bondinho, da praia do arpoador

e é com dor essa narrativa,

pois de um rio para o outro,

mudando totalmente o rumo da prosa,

é nossa característica o abandono,

como também fazemos com o Velho Chico,

rio que banhou os cabras do Corisco,

mas será que é disso que estamos precisando?

Adoro temas que envolvem o cangaço,

pois num tempo em que os bandidos tinham honra,

bala perdida não apagava vidas

e só morria quem devia,

não como hoje, nas madrugadas,

de qualquer grande cidade,

onde morrem até os que não devem nada,

desde aquela emboscada,

em que executaram a decência

e o professor teve que se adaptar

a sua nova função de treinador, num 'stand' de tiro,

contratado por terríveis bandidos.

Mas que bandidos são esses

a quem me refiro?