Tratado cyber poético

Sem versos e estrofes

Sem sentimentos fáceis

Idéias enlatadas

De outros todos os tempos

Com sem rimas e

Sentimentalmente blasé

Racionalmente conectado

A uma alienação sufocante

De asfalto, neon e bytes

Páginas configuradas

Vidas desconfiguradas

Pela tela, pelo site

Pelo tédio, pelo scrap

Pela solidão conectada

A mil corações que não

Sentem um motivo real

Para pulsar...

Corpos pútridos

Olhos miúdos

Letras em fonte

Onze sem fontes

Dedos presos

A teclas e mais teclas

Cérebro formatado

A uma infinidade

Finita de páginas

Do livro que não

Se abre nem fecha

Que não ensina

Nem problematiza

Os eternos porquês

Da minha virtual

Inexistência real

Rostos de cera

Na janela mundial

Conceitos descartáveis

Escrita miserável

De comunidades sem

Linhas imaginárias

Ser gauche enquanto

O mundo se choca nas

Paginas que suportar

Abrir

O bonde não passa mais cheio de pernas

Cheio de dedos o mundo se perde e

Deixo de ser mais eu

Para ser mais todos quanto

Uma comunidade suportar

As dores, quem as curará?

Os nomes, quem se lembrará?

Heróis, quem levantará?

Numa passagem de plasma

O real se apresenta a um

Mundo sensível e duro

Para ser meramente

virtual

Daniel Medeiros
Enviado por Daniel Medeiros em 27/08/2007
Reeditado em 13/09/2007
Código do texto: T626184
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