Sangue e Areia

“É uma cova grande

para tua carne pouca,

mas a terra dada

não se abre a boca”.

A família, quasimodesca, marcha sobre o árido e hostil sertão.

Tânatos, desvairadas gargalhadas! Para a marcha sepulcral.

O sol, sanguinolento, fustiga-lhes; aviva-lhes a ilusão.

Jornada insana e destino mortal...

Marcham! Marcham! Sob o teto rubro e dantesco.

O punhal da sede fura-os; são devorados pelo vulcão da fome.

Marcham! Marcham! A lava quente sangra-lhes os pés; tudo grotesco.

Alucinações! Corpos em frangalhos... Espantalhos! À frente o dólmen.

A criança ao colo não responde mais. Carne pouca. Olho extático...

Seca! O vento chora e castiga. A aventura infamante.

O casal deita sobre a cama vermelha e seca. Enredo dramático...

Vidas secas! Firmamento aberto. Astro-rei rosicler.

Agora dorme o casal... Um longo e profundo sono. Talvez, já distante!

Vidas ceifadas. Difícil crer...