O Velódromo e o Hospital da Posse

Um presente sagrado, o grande elefante branco

a vir do norte da Europa, de impecável cuidado

Sua textura é conservada em baixa temperatura,

de orçamento surreal em torno de milhões de reais

Do outro lado há um elefante negro nascido nos braços do povo

que tomou posse, o de mais socorrista da baixada

O animal profano é desprezado pelos seus adestradores

que somente o mantém vivo e é lotado de descasos dos casos

O Elefante negro necessita de ajuda, suas orelhas não abanam mais

para sinalizarem o pedido de socorro ignorado pelos anciões

Sua penugem fede a sangue pisado e está empoeirada

e seu estado é tão precário quão a cela das prisões

O elefante branco não pede socorro

Mas solitário, ele permanece intacto

refrigerado pelos cofres licitados

dos caçadores de marfins

Sua tromba não emite sons, não há comunicação

Seu olfato é capaz de sentir à distância, sem abraços, a multidão

O elefante negro pede socorro, lotado, ele padece aos poucos.

O calor aquece todo o seu organismo a fazer mal resultados

Sua aparência é de morte, diagnosticada como falência completa dos órgãos

É vital o findar do elefante branco e a vida do elefante negro

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 27/04/2018
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