PRIMEIRO DE MAIO
queria
fazer um poema
sem suor
sem argamassa
sem acidente de trabalho
versos de nuvens
de tardes infantis
vertendo cores
no entanto
o céu é hostil
o asfalto fere a paisagem
as estatísticas
atestam o desemprego
as bocas estão famintas
carreiras e prédios
desabam
ao sabor do mercado
e a elite se omite
e promete um carnaval
sensacional
para aplacar a dor
e enganar a mente
descrente.