PRIMEIRO DE MAIO

queria

fazer um poema

sem suor

sem argamassa

sem acidente de trabalho

versos de nuvens

de tardes infantis

vertendo cores

no entanto

o céu é hostil

o asfalto fere a paisagem

as estatísticas

atestam o desemprego

as bocas estão famintas

carreiras e prédios

desabam

ao sabor do mercado

e a elite se omite

e promete um carnaval

sensacional

para aplacar a dor

e enganar a mente

descrente.

Ricardo Mainieri
Enviado por Ricardo Mainieri em 01/05/2018
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