Campos outrora , hoje apenas cidades. A desdita do camponês .
Onde o chão era feliz
Onde a lavoura era farta
Onde o cheiro era de mato
Na relva escorria gotas de orvalho
Plantador tinha o que fazer
Terra para arar
Adubar para nascer
Semear e plantar
Cuidar para ver
Ver flores chegarem
E logo depois frutos colher
Mas para onde tudo foi?
Campo vazio
Agricultor quase não acho
Tudo agora é máquina
Braços são desnecessários
Mas esse homem do campo ?
Será que também ficou mecanizado?
Eu procuro por ti
Entre colheitas e criações , não acho
Um dia tive noticias
Foi achado o matuto
Morando num barraco, apenas outro desgraçado
Na cidade onde só tem concreto
Sua força da liga ao cimento
Clareia o chão da fábrica
E abre os caminhos do progresso
No fim do dia ele volta
Vai para o que aprendeu chamar de lar
Pensando no destino
Quem será que lhe tirou a enxada dura e próspera
Dando-lhe a cada contra-cheque uma nova troça