Na TV (me acabo)

No meio da noite, da tarde, em qualquer dia

Lá estão eles, cada vez mais podres de ricos,

Cada vez mais podres,

Administrando os macacos nos circos,

E quanto mais indignado eu fico, fica mais rica

A "bispa", a bisca, a calopsita do louvor isento

(de impostos)

e vai pregando,

Cada lágrima de sua fé é uma moeda de ouro tilintando

Saibam todos: fé demais não cheira bem...

Mudei o canal.

Eis o novo descascador que faz suco

O espremedor de frutas que descasca,

E o desenvergador de bananas do qual não posso prescindir.

Vale tudo pela audiência no engodo desinformante,

A verdade que não convém: vamos vivendo num país ignorante

Enquanto os políticos vendem o nosso futuro,

Estamos vidrados, babando na tela, em cima do muro,

No jornal sempre há muito espaço para mais uma chacina,

Telefofoqueiros nos contam que fim levou a calcinha

da irmã da mulher do ex-marido de um ex-Big Brother,

É carnaval, vistam as fantasias, desliguem os neurônios,

Atrás do trio elétrico só não vai quem raciocina !

Mudei.

Debaixo do edredom do grande irmão

A mediocridade concebe outro futuro ninguém

É cada vez mais duro assistir televisão

E os pregadores mantendo idiotas os idiotas que os mantêm,

É o padre, é o pastor, é o bispo, é o sangue do cristo,

Experimentem Jesus: agora também no sabor limão!

E no meio de todo esse lixo televisivo,

É o espectador quem vai pro paredão.