Sonho
Dói-me o dia
No rosto pálido
Que ora uso
Mas porque o uso
não têm que me atirar
pedras grávidas
com soluços de vento
Desse vento que vestes
para ultrapassar a rua cálida
a abarrotar de gente nas esplanadas
em pleno verão
Dói-me a verdade
na semente
das palavras
sobressaltadas
proferidas
na calada da noite
Dói-me a fadiga do peito
que transporto neste corpo
amadurecido na memória
dum tempo
que se perdeu e diluiu
em insónias repetidas
mas
de um sonho ainda
por realizar.