Senhor Cidadão
Meu senhor
Fala comigo
Diga o que sentes
Fala sem medo
Sei que tanto mentes
Só por se esconder
Meu senhor
Tu és cidadão
Tem medo não
Eu sei que o mundinho
Que obrigam-te a ter
Não cabe em você
Meu senhor
Que medo é esse?
De ser diferente
Quando todos nós somos
A nossa maneira
Tão diferentes?
Minha senhora
Que mal te faz agora
Ouvir a todo lado
Sentir-se calada
Mesmo tão declarada
Detentora de voz?
Minha senhora
Por que tanto teme?
Eu sei que é difícil
Mas não para tua luta
Mesmo que a triste culpa
Recaia em ti
Minha senhora
Tua voz é aurora
Tu és cidadã
Não teme o pior
Não teme o encaixe
Que não te caberá
"Oh senhor cidadão
Eu quero saber
Com quantos quilos de medo
Se faz uma tradição"
Eu te pergunto então
Pedindo licença
Pensando Tom Zé
Pensando cidadão
Que culpa tenho eu
De não caber na forma
De qualquer tradição?
Talvez e só talvez eu não precise caber em qualquer padrão.