Almas pequenas procuram casa espaçosa

Até pode parecer um anúncio nos classificados,

mas não é bem isso.

Almas grandes se contentam com qualquer espaço,

por menor que ele seja

e ainda são capazes de agradecer.

São Francisco foi um grande sonhador,

independentemente de ter sido,

religioso ou não.

A capacidade do perdão

é o que pequenas almas não têm.

Alguém se recorda de algum indígena

-nossos primeiros habitantes-

terem solicitado a interferência

dos portugueses,

para uma equivocada colonização

ou de tê-los autorizado,

a travarem uma luta com holandeses e franceses,

por uma posse que não detinham?

Quem pensa muito grande,

normalmente, grande não é.

Os indígenas, assim chamados,

devoraram alguns dos invasores,

mas dado a um surto inexplicável,

a diarreia acometeu a todos nas tribos,

que suspenderam a dieta.

A carne já chegou estragada,

quem sabe dado ao tempo da viagem,

somado ao calor dos trópicos

ou quem sabe,

devido a sua procedência,

que já era ruim.

Mas enfim,

isso a história não conta

e com se não fosse o bastante,

foram buscar e trouxeram acorrentados,

negros para o trabalho escravo,

uma vez que os nativos haviam se recusado,

a um trabalho árduo e ao qual,

não estavam habituados.

E assim, conseguiram,

aquelas pequenas almas,

estigmatizarem duas etnias,

que até hoje lutam por cidadania.

E o curioso é que só condenaram os nazistas,

naquela atrocidade contra o povo judeu.

Essas almas pequenas já tinham sido ignoradas por Deus.

Mas como o pobre sempre foi pobre,

desde aquelas vilas nos arredores

dos castelos medievais,

onde nasceram as grandes pragas:

lepra, gonorreia, sífilis

ou até mesmo a própria demência,

herdamos o mal terrível da paciência

e a indesejável superveniência,

às pequenas almas dominantes,

não pelo fato de serem a maioria,

mas por estarem por toda a parte,

na sua rua, na minha vida e na sua

ou por nunca se contentarem com o que têm,

não obedecendo a nenhuma regra,

nem mesmo a da oferta e da procura

e quando lhes falta ternura,

sobram-lhes em amargura,

que só as almas pequenas sentem,

mas elas também não se ressentem

de nada.

Pobres almas tão incompreendidas

e mal amadas.