Desacordo
Faço poesia para enfrentar o amor que vivi ,o riso que sorri.
Faço poesia ao sentir o cheiro da montanha, a brisa salgada do mar.
Canto para fugir desse mundo pedante, sem medo e sem defeito.
Canto para contornar decepções de ser eu para mim,de ser eu para mundo.
Faço poesias pros laços, braços e compromissos.
Para flor amarela que jaz num canto, a cor que ainda resta,
o perfume nem mais existe.
Ao lírio que brota n’alma como o Amor, delicado e dependente,
reza à sorte e ao tempo, para que exista, e gere sementes,
impotente à arrogância e ao ego, sempre e tudo,débil e humano,
sempre fraco ao crivo dos outros.
Faço poesia a ela, quem desejo, aos seus olhos que brilham nos meus olhos,ao desejo que forma sua boca, ao medo de deseja-la,
àquela palavra nunca dita, mais muito pensada.
Faço poesia para viver o mundo, essa dissonância que nem acredito,
mas vivo, esperando tanto e oferecendo tão pouco.
Sigo esses sonhos burocratas, em nada me desprendo, guardando longe dos amigos os versos bonitos, o som quase inaudível do sol, os tons da saudade e a poesias dos sentimentos ficam todos comigo.
E ofereço ao mundo os acontecimentos, certezas, coisas fungíveis e passageiras.
Talvez para que me aceitem e eu me rejeite.