Desacordo

Faço poesia para enfrentar o amor que vivi ,o riso que sorri.

Faço poesia ao sentir o cheiro da montanha, a brisa salgada do mar.

Canto para fugir desse mundo pedante, sem medo e sem defeito.

Canto para contornar decepções de ser eu para mim,de ser eu para mundo.

Faço poesias pros laços, braços e compromissos.

Para flor amarela que jaz num canto, a cor que ainda resta,

o perfume nem mais existe.

Ao lírio que brota n’alma como o Amor, delicado e dependente,

reza à sorte e ao tempo, para que exista, e gere sementes,

impotente à arrogância e ao ego, sempre e tudo,débil e humano,

sempre fraco ao crivo dos outros.

Faço poesia a ela, quem desejo, aos seus olhos que brilham nos meus olhos,ao desejo que forma sua boca, ao medo de deseja-la,

àquela palavra nunca dita, mais muito pensada.

Faço poesia para viver o mundo, essa dissonância que nem acredito,

mas vivo, esperando tanto e oferecendo tão pouco.

Sigo esses sonhos burocratas, em nada me desprendo, guardando longe dos amigos os versos bonitos, o som quase inaudível do sol, os tons da saudade e a poesias dos sentimentos ficam todos comigo.

E ofereço ao mundo os acontecimentos, certezas, coisas fungíveis e passageiras.

Talvez para que me aceitem e eu me rejeite.

rssantos
Enviado por rssantos em 15/09/2007
Reeditado em 17/09/2007
Código do texto: T653766