A rua que ninguém quer

O que se fez de surdo

Não enganou seu saber,

Só não quis ouvir do outro

As dores de um viver.

O que se fez de cego

Negou-se a enxergar,

Mas sabia das mazelas

Que vinham do lado de lá

O que de fraco se fez

E não estendeu a mão

Fez-se que não viu a sorte

Daquele caído ao chão.

O que não se fez de arrogado

Fugiu sem querer saber

É mais um desesperado

Amarrado ao próprio ser.

O que passou displicente viu,

Mas fingiu não ver

É mais um agoniado

Na pressa do seu viver.

O que se fez de entendido

Não fingiu nem ajudou

Continuo seu caminho

Com nojo, em nada tocou.

O que passou pela marquise

Um monte ele logo viu

Mas pulou aquela coisa

É gente, mas nem sentiu.

O que passou preocupado

Em conservar seus milhões

Nem se quer olhou a rua

Nem se quer olhou pro chão.

O que passou sorridente

Olho para ver o que era

Não era a felicidade,

Mas o avesso que vem dela.

O que procurava ajudar

Viu e estendeu-lhe a mão

Dividiu o que trazia

E lhe chamou de irmão.

Para quem quer ajudar

Não existe empecilho

Basta olhar um pouco

Além do seu próprio umbigo

Uma palavra, um sorriso

Leve também algum pão...

Um cobertor bem quentinho!

E muito amor no coração.

Edivaldo Mendonça
Enviado por Edivaldo Mendonça em 04/01/2019
Reeditado em 04/01/2019
Código do texto: T6542582
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