Vou-me embora de Tijucas

Vou-me embora de Tijucas

Aqui tenho parte com o diabo e o ódio do rei

Aqui tenho dores de cabeça quando encontro quem eu quero

E a cama nunca escolherei

Vou-me embora de Tijucas

Vou-me embora de Tijucas

Aqui definitivamente não sou feliz

A existência é monótona

De tal modo deprimente

Que Lorca poeta d’Espanha

Político e rebelde utópico e muito crente

Vem a ser ponto inexistente

Da inspiração que nunca tive

E como já amassei garrafas plásticas

Tombei de bicicleta

Montei em cavalo xucro

Escorreguei no sebo derramado pelo chão

Tomei banhos de chuva!

E quando estive cansado

Deitei no meio fio

Mandei chamar os carros

Pra me assustar

Pra cuspir na cara de menino

Coisas que insisto em sonhar

Vou-me embora de Tijucas

Em Tijucas tudo dói

Está distante de ser civilização

Não tem preço seguro

De garantir boa comunicação

Não tem governo moderno e burocrático

Não tem gatinha de Almodovar

Alcalóides à vontade até que tem

Mas as prostitutas não são tão bonitas

E querem da gente o que não podemos dar

E quando eu estiver mais alegre

Mas alegre de transbordar nos gestos

Quando pela manha chuvosa me der

Vontade de dançar.

- Aqui tenho parte com o diabo e o ódio do rei -

Tenho dores de cabeça quando encontro quem eu quero

E a cama nunca escolherei

Vou-me embora de Tijucas.

Márcio Jarek
Enviado por Márcio Jarek em 31/10/2005
Código do texto: T65552