Aqui chove tanto
Que tenho vontade de chorar
para competir com tanta água.

Fico pensando que choro
pouco.
Fico triste de lascar
Mas minhas lágrimas andam secando.

Atravessam desertos inteiros
Em retidão.
Mirando o horizonte com olhar ninja
Sabendo que uma arena enorme
pode ser campo de batalha ou
de aprendizado.

Houve um tempo
que eu só chorava durante o 
banho... era seguro.

Ninguém via e nem ouvia.
E, eu saia limpa
duas vezes.
Por fora e por dentro.

Um dia.
Bem quase noite.
Quando a luz era lembrança
E, as trevas, circunstâncias.
Parei com isso.

Se eu tiver vontade de chorar.
Eu choro.
Debulho-me em lágrimas.

Se eu tiver vontade de calar.
Eu calo.
Pavimento-me em silêncio
de monastério.
Cerco-me de mistério.

E, se eu tiver vontade de poesia.
Eu escrevo.
Escrevo compulsivamente
Em catarse contínua.

Nem que depois eu amasse
tudo e jogue fora
no balde da melancolia.
 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/02/2019
Código do texto: T6577514
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